Balas de prata ainda existem?
Os nomes mudam, mas a abordagem em muitos casos continua sendo igual. Mas é possível trabalhar sob outra perspectiva.
Por mais que se diga o contrário, a maioria dos times de produto ainda trabalha com uma mentalidade de 'balas de prata', onde a maior parte da energia do time é gasta buscando e executando ideias que trarão grandes resultados de uma só vez.
Mesmo em times que não trabalham por projetos e que utilizam apostas para guiar seu processo de trabalho, acabam escolhendo como prioridade aquelas que têm potencial de trazer um resultado gigante de uma só vez para um determinado indicador, seja ele qual for.
Estas apostas são normalmente aquelas que também carregam maior incerteza e maior probabilidade de darem errado.
Identificando os sinais
Times que trabalham com a mentalidade de 'balas de prata' normalmente possuem algumas destas características (entre outras):
trocam de prioridade frequentemente e com muita facilidade, sem uma justificativa clara para cada mudança;
a cada ciclo (trimestre, por exemplo) mudam completamente de métrica-norte e foco/contexto do trabalho;
não utilizam aprendizados obtidos no ciclo atual ou anteriores para definir apostas e objetivos dos ciclos seguintes;
suas apostas são normalmente declarações de alto nível, sem um plano ou racional sobre como os resultados esperados serão atingidos (que ajude a guiar o trabalho do time).
A pressão externa por resultados pode ser bastante cruel com líderes e times de produto, por isso acreditamos que essa mentalidade ainda é tão presente.
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Na prática, porém, a vida nos mostra que as coisas não funcionam dessa forma. Por mais que tenha lógica uma orientação a coisas grandes que gerem um resultado significativo de uma vez só, o desenvolvimento de produtos é um processo muito complexo para se esperar que algo assim aconteça sucessivamente.
Estamos lidando com um sistema dinâmico, que envolve uma grande quantidade de variáveis que são interdependentes, com níveis relações de influência e causalidade sobre as quais temos muitas vezes pouco ou nenhum conhecimento.
Uma abordagem mais conectada com a realidade: a construção de efeitos compostos
A nossa vivência em múltiplos contextos nos mostra que produtos bem sucedidos, em sua maioria, possuem times que trabalham sob uma perspectiva diferente, incorporando a noção de complexidade a tudo o que fazem. Isso torna seus planos mais eficazes e suas decisões mais rápidas e melhores.
Estes times entendem que qualquer impacto significativo não virá de uma única ideia genial, mas sim de um efeito composto, que é pautado a partir do foco em uma única métrica-norte, de negócio, que se torna o espaço de trabalho para a busca de problemas e oportunidades — e para o teste e desenvolvimento de soluções.
Ao definir o indicador, o time abre múltiplas frentes de trabalho, que irão gerar apostas com potencial de resultado calculados — que irão compor a contribuição total do produto naquele contexto.
Esses cálculos incorporam o nível de incerteza e risco de cada aposta, tornando a expectativa de resultado final muito mais realista e baseada em probabilidades. Isso ajuda o time a planejar antecipadamente decisões e movimentos caso os resultados esperados não aconteçam.
Ao longo do tempo, quando o time trabalha nesse formato, a contribuição vai se tornando cada vez mais visível. Quando a métrica-norte se mantém, os resultados e aprendizados de cada ciclo são reaproveitados, diminuindo progressivamente as incertezas e tornando o conhecimento do time cada vez mais profundo e abrangente. O que naturalmente leva a melhores apostas e com mais potencial de impacto.
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